O BIG BROTHER BRASIL: pontos para reflexão




José Erimar dos Santos
Geógrafo


Pretende-se com este pequeno ensaio tecer algumas reflexões a cerca do programa Big Brother Brasil da Rede Globo de Televisão, buscando concomitantemente compreender os motivos que fazem do reality show (show da realidade, show real) um sucesso entre as pessoas. A metodologia adotada para esta finalidade consiste nos relatos das pessoas ouvidos cotidianamente em conversas informais.

O Big Brother Brasil da Rede Globo de Televisão vai ao ar todos os dias da semana. Semanalmente após a novela das oito, é exibido o referido programa, que por sinal é um grande provedor de sucesso e audiência à referida emissora de televisão. Mas afinal, qual o motivo de tanto sucesso de um programa que mantém confinados 17 pessoas, homens e mulheres dentro de uma casa sem acesso à TV, internet e outras formas de entretenimento com outras pessoas?
Esse grupo de homens e mulheres encontram-se naquele espaço confinados não aleatoriamente. Os que ali se encontram foram selecionados entre milhares de concorrentes para compor um perfil que realmente chame a atenção dos brasileiros. Encontra-se, esse grupo, dividido em participantes com personalidades marcantes e que mostram que as diferenças tornam o jogo ainda mais “quente e interessante”.

Nesse sentido, há entre esses participantes alguns que são considerados e/ou agrupados, intencionalmente pela equipe do programa em grupos diversos. Dentre estes grupos podemos destacar o grupo dos “belos”, dos participantes que são considerados “cabeças”, o grupo dos homossexuais assumidos, o dos sarados. Percebe-se, com isso que o que se quer são pessoas “interessantes”, que sirvam para chamar a atenção dos telespectadores brasileiros.


Não que o autor desse texto tenha preconceitos com os referidos grupos que compõem o BBB, mas que esses participantes são distintos, pois dos tantos grupos sociais que compõem nossa sociedade, como por exemplo: os trabalhadores braçais, operários, o jovem da nossa sociedade de hoje que aspira a chegar a uma condição de existência a partir dos estudos, dentre outros. Sociedade essa nossa que é uma realidade em todos os espaços que formos ou que estejamos. Assim, as pessoas que compõem o referido programa se caracterizam de uma forma geral, por um grupo de jovens do sexo masculino e feminino com os mesmos ideais: que cuidam e cultivam o corpo e que querem a fama. Eis talvez um dos componentes da receita de sucesso desse programa.

Na sociedade globalizada que vivemos hoje, característica marcante é o consumo, ou os tipos de consumos. Uma dessa formas de consumo diz respeito ao corpo. Nesse sentido, o corpo passa a ser visto como uma forma de consumo explorada demasiadamente pelos meios de comunicação de massa em quase todos os seus programas, sobretudos os meios compostos pela mídia televisiva, como é muito bem representada, essa forma de consumo pelo BBB.

Não se pode esquecer a indústria criada pelo BBB. Que indústria? A indústria da propaganda, da persuasão, muito bem visível em diversos sites e vista e ouvida na própria rede de televisão Rede Globo em intervalos comerciais dos programas exibidos por esta emissora. Segue-se a essa indústria propagandística/persuasiva o modo de vida que também é difundido entre os espectadores, bastante percebido nas conversas entre os sujeitos de nosso cotidiano.

As pessoas confinadas na casa e filmadas vinte e quatro horas talvez seja um outro aperitivo de sucesso do Big Brother Brasil. O trocar de roupas, as fofocas, os banhos tomados pelos participantes, as paixões e/ou “amores” somam-se às persuasões do tipo: “vamos espiar”, expressão reforçada demasiadamente aos espectadores pelo apresentador Pedro Bial são, dentre outros mais um motivo de audiência desse reality show. Nesse sentido a idéia construída em torno do “espiar” de Pedro Bial, reforçada da outra que é “você pode espiar sem ser olhado” é motivo de reflexão crítica por parte de nós.

O que dizer da interatividade? Nos famosos “paredões” a população telespectadora pode escolher quem fica na casa ou quem sai. Isso é um dos motivos, acredita-se, para que o BBB também seja sucesso. Essa forma de interatividade se dá mediante o uso do telefone, em que o telespectador gasta para participar ou pela rede mundial de computadores – a internet – que também o faz pagar por tal interatividade. A partir da interatividade o telespectador passa a agir sobre a mídia televisiva.

Em suma, buscou-se com estes pequenos pontos trazer reflexões sobre a televisão de certa forma, mais especificamente sobre o programa Big Brother Brasil da Rede Globo de Televisão, buscando compreender os motivos que tornam as edições do reality show um sucesso entre os brasileiros. Evidentemente que esses pontos não são todos os ingredientes da receita de sucesso do referido programa, mas que servem para uma melhor profundidade do tema em tela àquelas pessoas que um dia, quem sabe, desejarem aprofundar as discussões/reflexões sobre temas que fazem “parte” do cotidiano das pessoas.

1 comentários:

Uma análise muito bem feite e bastante interessante desse programa. Comungo com você em todos os apontamentos.
Parabéns pelo seu trabalho José Erima, palavras dignas de um ser que pensa.
Abraço ... JP

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